HAITI
Tè Nwa, Haiti
Projeto Institucional
370 m2
Projeto Concluído
O projeto de uma escola rural no Haiti foi desenvolvido para um concurso internacional para arquitetos. Ao projetar, partimos da nossa crença de que existe uma maneira de construir caminhos diferentes para as situações desiguais resultantes do modelo de desenvolvimento capitalista. A partir das construções, nós arquitetos devemos pensar estratégias e ferramentas que repensem nossas práticas e nosso mundo. Refletindo sobre o cenário de crise do mundo contemporâneo diante das mudanças climáticas, buscamos projetar novos assentamentos humanos auto-sustentáveis, que proponham um novo modelo de habitação, baseado em uma cultura regenerativa.
Nas escolas, não devemos educar nossas crianças a receberem instruções, ordens, prescrições, ameaças, repreensões e punições, mas a participar coletivamente da construção do conhecimento. A escola também deve ser um centro irradiante da cultura popular, disponível para a comunidade, não para consumi-la, mas para recriá-la. É importante desenvolver na escola um trabalho pedagógico de conscientização de toda a comunidade escolar (professores, alunos, funcionários e pais dos alunos), visando seu envolvimento direto na construção de suas próprias cidades. Como o trabalho da ONG TECHO se baseia na geração de um vínculo entre o voluntariado e a comunidade, achamos importante construir uma escola que abra possibilidades de ensino e aprendizagem sobre os processos de transformação da natureza, a ecologia e o trabalho do homem. É por isso que, além de projetar a escola como arquitetos, desenvolvemos um manual ilustrado de construção do projeto, como educadores.
O projeto parte de um núcleo escavado da terra. Esta é uma ação construtiva e conceitual. A escavação marca o início da construção e nascimento da escola e da comunidade. A terra extraída será usada para encher sacos e construir as paredes da escola. As salas de aula, bibliotecas, banheiros e cozinhas, por exemplo, formarão os espaços com a terra extraída do núcleo. Um grande telhado estruturado em bambu protegerá esses espaços da chuva e seus beirais extensos criarão corredores externos. Essa cobertura, deslocada das paredes de terra, criará ventilação natural dentro das salas e espaço para um segundo andar, criando possibilidades futuras.
O núcleo escavado serve como espaço de reunião, auditório e teatro para a comunidade escolar. Ao receber atividades cívicas e extracurriculares, esse núcleo proverá a capacidade de construção da escola. Fisicamente e metaforicamente falando. O núcleo conecta dois corredores diferentes da escola e, como possui uma cobertura feita de terra, pode ser usada como área de proteção contra desastres naturais.